quarta-feira, 27 de maio de 2009

"O Jardim Encantado" de Sarah Addinson Allen


“As mulheres Waverley têm um segredo… Para elas, é uma maldição; para os vizinhos é apenas algo fora do comum; nós apenas lhe chamamos de magia.”
A obra, “O Jardim Encantado”, de Sarah Addinson Allen, apresenta-se como uma fascinante história de amor que combina a culinária com a magia.
Num jardim escondido por trás de uma sossegada casa no mais recôndito lugar, existe uma macieira e os rumores rodeiam e dão conta que esta árvore dá um tipo especial de fruto. Neste maravilhoso romance, a autora conta a história dessa árvore encantada e das admiráveis pessoas que dela cuidam…
As mulheres da família Waverley são herdeiras de um legado mágico.
O jardim, conhecido pela sua macieira, produz frutos proféticos e que quem comer um fruto desta árvore consegue ver o seu futuro (o maior acontecimento das suas vidas); se, por acaso, o acontecimento for bom, as pessoas ficam felizes e esperam até acontecer; se for o contrário, as pessoas ficam loucas, acabando por fugir do seu próprio destino para que a tragédia não suceda.
Ao redor desta macieira, crescem flores comestíveis, imbuídas de poderes especiais que afectam quem quer que as comam.
Claire Waverley, protagonista, proprietária de uma empresa de catering (empresa de distribuição de comida e doces confeccionados) prepara pratos com as suas plantas místicas e quem as ingere é afectado, quer positiva, quer negativamente. No entanto, a sua idosa prima Evanelle é conhecida por oferecer presentes às pessoas, cuja importância mais tarde é descoberta. São elas os últimos membros da família Waverley, com a excepção da rebelde irmã de Claire, Sydney, que fugiu da cidade há muitos anos.
Quando Sydney regressa, imprevisivelmente, à pequena cidade de Bascom com uma filha pequena, a pacífica vida de Claire sofre uma grande mudança. Juntas, mais uma vez, têm que sarar as feridas do passado que Claire e Sydney deixaram por resolver.
Agradeço à professora Manuela Silva que me aconselhou este livro fantástico, o qual me ajudou a perceber certos assuntos que eu, à partida, sabia, mas não de forma tão aprofunda.
Um livro de poucas páginas, mas com uma grande imaginação e sobretudo místico.
A autora tem o poder de transformar plantas em simples produtos comestíveis com propriedades mágicas.
A linguagem é simples, subjectiva, escrita na primeira pessoa e fácil de perceber o que a autora pretende transmitir.
Gostei muito de ler este livro, porque reflecti sobre vários temas, como, o amor não é impossível.
Este livro é uma lição de vida. É daqueles livros que vai ficar na memória, não apenas por o amor vencer tudo, mas também por simbolizar e fazer-me acreditar que este sentimento é constante e não se perde com o passar do tempo, que nos mantém vivos, despertos para a vida e para os outros.
A moral do livro é bastante simples, não podemos saber o futuro quer este seja bom ou mau, porque se não estaríamos dependentes do acontecimento que víssemos e isso afectaria qualquer pessoa e não viveríamos a vida como devia ser.
A frase que mais me cativou foi: “Quando estamos felizes por nós mesmos, esse júbilo preenche-nos. Quando estamos felizes pelos outros, extravasa de nós”. Na minha opinião, esta frase faz qualquer pessoa reflectir no quão importante é estarmos bem connosco, mas sobretudo zelar pela felicidade dos outros. Não conseguimos sentir a felicidade dos outros, mas podemos compartilhá-la, e é nisso que muitas pessoas falham constantemente, porque são ambíguas e querem senti-la em vez de partilhá-la.
Aconselho a todas as pessoas interessadas a leitura deste romance repleto de histórias mágicas e, sobretudo, saboroso pelas suas típicas comidas com flores comestíveis.
E para terminar, faço esta simples pergunta: será que algum dia saberemos qual será o nosso maior acontecimento?


João Garcia

"Visto do Céu" de Alice Sebold


A obra “Visto do céu”, título original “The lovely Bones”, de Alice Sebold, gira em torno do espírito de Susie Salmon que foi violada e assassinada, levando algum tempo até se desprender da vida terrena, complementada por relatos da sua passada e “nova” vida.
Procurava, na biblioteca escolar, um livro para ler, um livro que fosse especial, que me suscitasse interesse, que fosse de encontro àquilo que sentia na altura…quando, de repente, me deparei com o título “Visto do Céu” no meio de tantos na estante. Peguei nele de imediato. Deu-me a sensação de ter lido o livro naquele instante, no primeiro contacto com o seu título. Não precisei de procurar mais, requisitei-o logo.
A obra é um romance de fácil leitura, muito objectiva e compreensiva, com uma tradução muito bem-feita pelo tradutor Ribeiro da Fonseca. Não se pode dizer que é uma obra muito “movimentada”, é até um pouco parada, narrada na primeira pessoa, relatando experiências passadas e presentes da personagem, sentimentos, o quotidiano das outras personagens, tal como eu gosto! Pois só gosto de um grupo muito restrito de livros, filmes ou séries televisivas em que haja muita acção.
Na altura em que requisitei e comecei a ler o “Visto do céu”, andava numa fase em que me surgiam questões que todos já tivemos alguma vez na vida: “Como seria se eu morresse? Como reagiriam as pessoas de quem eu gosto? Será que há vida depois da morte? Como será depois de morrer? Será que a minha morte iria ser indiferente para aqueles que dizem que me amam ou sentiriam a minha falta?”, enfim… questões que todos nós colocamos a nós próprios em qualquer momento da nossa vida. Por coincidência ou não, este livro foi como que um exemplo de resposta às minhas questões, a experiência de alguém na primeira pessoa, pois, a personagem principal é o espírito, como já referi, de Susie, violada e assassinada por um violador e que, depois de morta, relata a forma como morreu, como é a vida dela depois da morte, como reagiram aqueles que ela mais amava à sua morte, as suas experiências, desejos como um espírito…
Eu acredito convictamente que há vida após a morte! Pois, se não houvesse, a nossa existência terrena não faria qualquer sentido. Seria algo muito limitado nascer - crescer – morrer e parou por aí… Não… Eu penso que nós somos mais que isso, que não estamos aqui, na Terra, apenas por estar, mas sim, porque nascemos por algum motivo, para fazer alguma coisa, para alguém… Há quem chame destino, há quem chame missões terrenas, mas nenhum de nós está aqui por estar, embora, por vezes, pareça que sim. Não é à toa que somos todos diferentes, cada um de nós tem um lugarzinho, uma motivação, um sentimento, mal ou bem marcamos a diferença. Eu acredito que a alma é imortal e única, que é o espírito que comanda o nosso corpo físico e não o contrário e, sim, acredito que estamos rodeados de espíritos que já morreram. Ninguém tem a certeza de nada, é certo. Mas esta é daquelas certezas que tenho porque se sentem, com todos os sentidos e que, no fundo, todos sentem, mas ignoram. Porque é impossível não sentir, uns mais outros menos. Para mim, a vida terrena não é mais que uma simples passagem de muitas passagens que ainda teremos de seguir, por isso se diz que a devemos aproveitar e que a vida é só dois dias…
Esta obra, para mim, exprime algo muito real e mais vulgar que o vulgar e, em suma, fica esta passagem que me despertou um interesse especial e, para mim, é a passagem mais importante de toda a obra:

“ Vi a minha família beber champanhe e pensei na vida deles em relação à minha morte, e depois percebi, quando o Samuel tomou a ousada iniciativa de beijar a Lindsey numa sala cheia de pessoas de família, que finalmente se libertavam dela.
Aqueles eram os fascinantes ossos que tinham crescido em volta da minha ausência: as ligações – umas vezes ténues, outras conseguidas a grande custo, mas muitas vezes magníficas – estabelecidas depois da minha partida. E comecei a ver as coisas de uma maneira que me permitiu encarar o mundo sem mim. Os acontecimentos provocados pela minha morte não passavam dos ossos de um corpo que se tornaria completo numa ocasião imprevisível no futuro. O preço do que eu acabei por considerar esse corpo miraculoso fora a minha vida.” págs.: 256/7


Cristina Lopes

"Crepúsculo" de Stephenie Meyer


Crepúsculo é uma história cujo objecto da paixão da protagonista é um vampiro. Assim, soma-se à paixão um perigo sobrenatural temperado com muito mistério, e o resultado é uma leitura polvorosa, uma vez que este é um romance repleto das angústias e incertezas habituais nos jovens. Como, por exemplo: a atracção, a ansiedade que antecede cada palavra, cada gesto, e todos os medos. Daí que tenha tido muito gosto em ler este livro, pois são problemas quotidianos e acaba por ser interessante, vê-los retratados.
Isabella Swan (a protagonista) chega à nublada, chuvosa e pequena cidade de Forks, ideia que esta, inicialmente, rejeita por completo, visto que este seria o último lugar onde gostaria de viver. Porém, ela tenta adaptar-se à vida provinciana, na qual aparentemente todos se conhecem, começa a lidar com sua constrangedora falta de ordem e acaba por se habituar a morar com um pai com quem nunca conviveu. Estes obstáculos, que se vão opondo à protagonista, são um retrato fiel de muitos problemas que a vida nos vai colocando, por isso, o meu interesse por este livro.
Mas, o meu empolgamento na leitura deste livro aumentou quando Edward Cullen se cruzou no destino de Isabella. Ele é lindo, perfeito, misterioso e, à primeira vista, hostil à presença de Bella, o que provoca nela uma inquietação desconcertante. Porém, este seu ressentimento acaba por fazer com que ela se apaixone. Ele, cauteloso e repleto de segredos, alega uma espécie de "amor proibido", a fim de mostrar a Bella que é um risco para ela. O facto de este se revelar um amor diferente, visto que está envolto de mistérios, contribui imenso para o gosto que tive ao ler esta obra.
Ela é uma garota incomum, ele é um vampiro! Então, é extremamente necessário que ela aprenda a controlar o seu corpo, quando ele a toca. No meio de descobertas e sobressaltos, Edward é, sim, perigoso: um perigo que qualquer mulher escolheria correr. Este lado de policial faz com que a nossa leitura seja rápida, visto que temos sempre vontade de saber o que vai acontecer.
Nesse universo fantasioso, os personagens construídos por Stephenie Meyer, mostram-se de tal forma familiares nos seus dilemas e nos seus comportamentos que o sobrenatural parece real, tornando, de tal forma, a leitura como que a imaginação da história a acontecer ao pé de nós.
Concluindo, a autora torna perfeitamente plausível e irresistível a paixão de uma jovem de 17 anos por um vampiro encantador.


Ana Carolina

"Duas Irmãs, um Rei" de Philippa Gregory


Ana Bolena, ela guardou uma lata
Na qual toda a sua esperança e sonhos estavam selados.[1]

Thomas Bolena (para Maria): Para ir longe neste mundo, é necessário mais do que beleza e um coração generoso.[2]

Maria Bolena (para Ana): Estais a apontar para alto de mais, Ana… como sempre.2

Podes sorrir quando o teu coração está partido, porque tu és uma mulher.[3]

Rei Henrique VIII (para Ana): Eu pus este país de pernas para o ar por VOSSA causa! 2

A multidão marchando ao som dos tambores
Toda a gente se está a divertir, embalados pela melodia do amor
Feio é o mundo em que vivemos
Se estou certo provem-me que estou errado
Estou deslumbrado, à procura do lugar onde pertencemos.1

“Duas Irmãs, um Rei”, de Philippa Gregory, foi provavelmente das melhores obras que li nos últimos tempos. O primeiro contacto que tomei com o livro, ainda que de forma indirecta, foi em meados de 2007, quando fui informada de que iria estrear um filme relacionado com a história de Ana Bolena, que há algum tempo me vinha a fascinar, pela enorme misticidade que a rodeia. Como amante da História no geral, principalmente no que diz respeito à Idade Média e Moderna, procurei assistir ao filme, mas tal não se proporcionou e, embora o interesse sobre esta trama permanecesse, fui esquecendo a existência de tal obra até que, há alguns meses, me foi oferecido o livro de Philippa Gregory. Embora ignorando a relação entre este e o filme que me fora recomendado, comecei a ler avidamente a obra, tornando-se de tal forma viciante que só parei no final. E, mesmo assim, a história continuou a perseguir-me incessantemente.
Penso que Philippa Gregory conseguiu captar de tal forma a vida na corte inglesa que, mesmo nas páginas iniciais, nos sentimos imersos naquele universo de futilidade, interesses e traições, onde cada gesto, cada olhar, são sinais importantes num mundo onde ninguém é mais do que um mero peão na escalada social até ao trono.
É louvável a forma como a autora consegue prender os leitores à história e manter o suspense, a emoção e, mais que isso, a surpresa perante os acontecimentos, quando, no fundo, tudo aquilo que relata são factos conhecidos e imutáveis. Agradou-me imenso a opção de abordar o lado mais “negro” das várias versões da História, estando patente a exaustiva pesquisa que executou sobre o tema. Desta forma, não temos só um retrato fiel da sociedade britânica da época, mas também um romance de intriga, paixão e traição, como todos os bons livros devem ser.
A intrigante relação entre as duas irmãs, a frágil e sensível Maria e a decidida Ana, é talvez o aspecto com mais destaque em toda a obra e, mesmo no fim, penso que é aquilo que permanece na nossa memória. A evolução psicológica das personagens é evidente e nunca falha em surpreender até o leitor mais atento, sendo simplesmente notável a forma como Philippa Gregory consegue transpor tais sentimentos em palavras. Os próprios diálogos, extremamente fidedignos, completam na perfeição a atmosfera criada ao longo de toda a obra, dividida de tal forma que torna ainda mais interessante acompanhar a sucessão das estações e a evolução que, ao mesmo tempo, se manifesta no relativo às personagens.
Embora no princípio o enredo possa parecer ligeiramente confuso, uma vez entrando na trama é impossível não se deixar levar e vivenciar realmente a história. O tamanho do livro pode assustar alguns leitores mais preguiçosos, mas para mim foi realmente penoso chegar ao fim da obra, de tal forma me envolvi no retratado; apesar de ter possibilidade, uma vez que a história é verídica, de descobrir o que se passou com as personagens referidas ao longo da obra, queria ter podido descobri-lo através da visão próxima e crítica da narradora, Maria Bolena, e não de forma teórica e muitas vezes enfadonha.
Foi também por esses motivos que resolvi apresentar este texto crítico de forma diferente do que até aqui tinha feito, reunindo várias visões sobre a história de Ana Bolena, muitas delas cruciais para a minha apreciação tão positiva desta obra de Philippa Gregory. Tal como referi, espero que todas elas completem a minha crítica e mostrem, algo que eu provavelmente não conseguirei, o fascínio com que encarei e continuo a encarar esta narrativa.
Não sei se por a história me agradar particularmente, não sei se inteiramente por mérito da autora, não sei se apenas por estar no estado de espírito certo para ler a obra; apenas sei que livros assim valem a pena ser lidos É esta a forma mais indicada de fazer História e livros deste género proporcionam um grande enriquecimento a todos aqueles que têm a sorte de com eles se deparar.
Uma leitura a repetir.

Se tem algum significado, então adquiri-o. Se não significa nada, não importa. Deixai-o. 3

Ana Bolena (para a multidão): E assim eu viro a minha página a este mundo e a todos vós, e peço-vos de todo o meu coração que rezeis por mim. Que o Senhor tenha piedade de mim, a Deus entrego a minha alma.2

O mundo não mudou assim tanto; os homens ainda governam.3

Não posso dizer.
Quando irá isto terminar? 1

Ana Bolena (para Maria): Fui eclipsada. Sou a outra rapariga Bolena.2

Ó morte, embala-me enquanto durmo
Traz o meu descanso silencioso
Deixa o meu muito culpado fantasma
Sair do meu cuidadoso peito.
Faz soar a dolorosa marcha
Deixa-a ecoar e a minha morte anunciar
Eu devo morrer
Não há remédio
Eu devo morrer.[4]



Cátia Soares


[1] Poynter, Dougie, Fletcher, Tom, McFLY (2006), Transylvania, Motion In The Ocean, Universal Records.
[2] The Other Boleyn Girl, Universal Pictures International & Colombia Pictures (s/a, “Memorable quotes for The Other Boleyn Girl (2008), http://www.imdb.com/title/tt0467200/quotes, 30 de Março de 2009)
[3] Gooreads, “Quotes by Philippa Gregory”, http://www.goodreads.com/author/quotes/9987.Philippa_Gregory, 30 de Março de 2009.
[4] Poema alegadamente escrito por Ana Bolena no dia antes da sua execução. Originalmente Oh, Death, Rock Me Asleep. (s/a, “Ana Bolena”, http://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_Bolena, 30 de Março de 2009).

"O Velho que Lia Romances de Amor" de Luís Sepúlveda



A obra O Velho que Lia Romances de Amor foi escrita por Luís Sepúlveda, editado pela Porto Editora, e tem 112 páginas (na impressão de 1999).
Esta pequena obra conta a história do velho António José Bolívar Proaño que vive com uma tribo indígena, num lugar longínquo da Floresta Amazónica. Ao viver com esta tribo indígena, António teve de aprender a respeitar a Natureza e os animais da floresta.
Numa das visitas feitas pelo dentista Rubinco, este leva a António livros, para ler. António começa a ler, com grande entusiasmo e paixão, os romances de amor, que vão acompanhar o resto da sua velhice. O velho António perde-se nestes livros, com o intuito de esquecer os estrangeiros, que vieram para caçar e destruir a floresta.
Este livro enquadra-se nos temas orientados no projecto “As cinco portas da Leitura”, porque aborda o amor (apresentado nos livros que António lê e no amor que ele sente pela floresta).
Eu penso que este é um bom livro de leitura, porque nos ajuda a reflectir sobre o respeito que devemos ter com a natureza, ou seja, esta obra também tem um aspecto ecológico a focar.

Mariana Dias nº 11,11ºD

"A Ilha das Trevas" de José Rodrigues dos Santos

Chegada ao 3º período deste 11º ano e perceber que o final se aproxima, deu me também a vontade de escolher um livre do meu inteiro agrado a fim de relatar a experiência a qualquer pessoa que possa ler. Sendo esta recta final um pouco preenchida e desgastante para todos nós, com o elevado número de trabalhos e testes para fazer, infelizmente e sem darmos conta, são nos roubados alguns momentos de leitura em detrimento do estudo. Contudo, quando se gosta, nós conseguimos arranjar tempo para tudo. Foi exactamente isso que aconteceu comigo enquanto lia este livro.
Primeiramente, foi para mim um grande privilégio ler este livro, uma vez que me foi recomendado pelo próprio autor, José Rodrigues dos Santos, que teve a amabilidade de responder a um email meu, de elogio de outra sua obra (A Vida num Sopro) , recomendando exactamente este romance. Então, depois do entusiasmo de ter recebido um email deste grande jornalista, uma das primeiras coisas que procurei fazer foi adquirir esta obra, para a poder saborear.
Então, como já referi, apesar de bastante atarefada iniciei a minha leitura. E foram extremamente deliciosos estes momentos iniciais de leitura, pois, para além de me descontraíram bastante, retratavam na perfeição uma realidade que idealizo, ou seja, esta obra inicia-se com a preparação de uma operação de jornalismo de guerra a fim de cobrir a invasão da Indonésia ao território, na altura português, de Timor. Assim, esta obra despertou em mim um grande interesse, pois faz uma ponte entre o jornalismo de guerra e uma história que nos é relativamente próxima, as invasões e a guerra de Timor na última década do passado século.
Mas, quanto mais lia, mais eu me descontraía e me interessava por esta obra. Pois, perante este cenário são introduzidas na história personagens adoráveis que espelham as dúvidas, as angústias, as raras alegrias e grande revolta que todo o povo timorense sentiu nesta época.
Paulino da Conceição é o melhor dos retratos que o autor utilizou para demonstrar as mais variadas experiências passadas por este povo. Paulino da Conceição é apenas um dos timorenses que viveu todas as barbaridades que se seguiram à saída dos portugueses de Timor-Leste e foi, sobretudo através dele, dos seus traumas e reflexões, que compreendi as verdadeiras implicações deste acontecimento histórico. Aparece-nos como uma personagem muito humana e verídica, no entanto ele representa todos os sofredores de Timor.
Assim, começam-se a cruzar factos históricos e acontecimentos verídicos com uma realidade deliciosamente ficcionada através de uma bela história de amor. Então, é com a descrição da bela história de amor de Paulino da Conceição e de Esmeralda que este livro começa a ganhar outro interesse e a despertar todas as emoções que possam estar mais sensíveis. De facto, numa fase inicial, esta é uma apaixonante história de amor. E o autor demonstra de facto grande sensibilidade na transmissão de todos os momentos românticos deste casal, deixando o leitor embevecido. No entanto, perante o cenário pouco feliz, a vida deste casal, já com duas crianças, é posta à prova. Esta família passa por uma sucessão de más experiências, que com o avançar do tempo se vão intensificando, destruindo aos poucos a felicidade desta humilde família, que acaba por não aguentar todas as crises por que passa!
É com a intensiva sucessão destes trágicos acontecimentos que assolam a família de Paulino da Conceição, que podemos ligar este livro aos temas do projecto “As 5 portas da Leitura...”. Pois, o leitor ao ler estas consecutivas tragédias que vão desde a fome, terminando mesmo na morte das crianças da família e passando pela separação do casal por uma questão de sobrevivência, insurge-se e deseja que a época e o espaço desta família fossem outros, a fim de viverem uma felicidade plena. De facto, esta família teve o azar de viver nestas circunstâncias, porque talvez se algumas escolhas tivessem sido feitas de outra forma, mais ponderadas, o rumo destas vidas podia ter sido outro. Tal e qual como acontece noutras obras do projecto, como “Os Maias”, pois da mesma forma que se Maria Monforte nunca tivesse ocultado a sobrevivência da sua filha a Afonso da Maia, Carlos e Maria Eduarda jamais cometeriam o trágico incesto; Paulino da Conceição se jamais se tivesse separado de Esmeralda no campo de concentração, as fatais mortes dos seus filhos não teriam acontecido... Mas para além desta ligação trágica, também podemos inserir esta obra na temática do amor, visto que a história deste encantador casal é um relato vivo de amor e paixão constante, mesmo quando se separam...
Uma das coisas que mais me fascinou nesta obra foi o facto de esta parte da história: “a guerra de Timor” ter sido narrada com uma transparência esclarecedora. Digo mesmo, que apesar de nunca ter leccionado esta matéria na disciplina de história, sinto me dentro deste tema e só através da leitura deste livro. De facto, parece nos que este livro transmite, de forma real, objectiva, a história de Timor, tal e qual ela se fez, trata-se mesmo de um rigor jornalístico que marcou este primeiro romance de José Rodrigues dos Santos. Ele que já vem sendo o meu autor favorito! Um livro excelente...


Ana Morais

Projecto "As 5 Portas da Leitura: Promoção do Livro e da Leitura"

Este projecto, que está a ser desenvolvido por nós e pelos nossos colegas das turmas A e I, foi premiado pela Candidatura de Mérito 2009, promovida pela Rede de Bibliotecas Escolares.
No próximo ano lectivo, será desenvolvido por todas as turmas do 11º e 12º ano da nossa Escola. Estamos expectantes em relação às actividades que vamos desenvolver, pois este ano realizámos algumas bastante interessantes e até curiosas e tendo sempre por ponto de partida os conteúdos do programa.
Foi um ano com uma programação muito aliciante e que muito nos ajudou na compreensão dos conteúdos, permitiu-nos alargar os nossos conhecimentos, desenvolver as nossas capacidades e contribuiu para a nossa formação como cidadãos do mundo.

Jantar Queirosiano

Cesário: Cidade/Campo




No dia 28 de Abril de 2009, teve lugar no auditório da Escola Secundária de Seia a palestra “Cesário Verde – Relação Cidade/Campo”, dinamizada pelas professoras Maria dos Anjos Poeira e Lúcia Leitão. A palestra, inserida no projecto “As 5 Portas de Leitura”, tinha como objectivo explicitar a dicotomia cidade/campo existente na obra de Cesário Verde através da caracterização dos dois espaços, sendo destinada aos alunos das turmas A, D e I do 11.º ano.
A professora Maria dos Anjos começou por apresentar um PowerPoint no qual eram explicadas as diferenças entre a cidade e o campo ao longo do século XIX, fazendo-se uma caracterização de ambos os espaços e da relação entre eles.
Passou, em seguida, a palavra à professora Lúcia, que abordou a mesma temática mas relativa ao século XX, alargando-se até à actualidade.
Penso que ambos os momentos foram bastante enriquecedores, na medida em que nos permitiram ver as diferenças entre o passado e o presente das relações estabelecidas entre a cidade e o campo, situação que muitas vezes é ignorada pelos alunos, principalmente porque estes vivem num meio rural e ignoram a realidade das grandes cidades, onde este processo é mais evidente.
É importante que este tipo de acções continue a desenvolver-se, uma vez que permitem um maior envolvimento nas actividades escolares, além de proporcionarem um maior entendimento da obra em questão e o conhecimento de novas realidades.
Cátia Soares

Cesário Verde: fotografia/pintura




No dia 22 de Abril, decorreu na Sala de Estudo da Escola Secundária de Seia, pelas 10h e 15m, a palestra “Cesário Verde - observação/captação do real - A fotografia como forma de captação do real envolvente; Visão pictórica da realidade – poemas = pinturas”, dinamizada pelos Encarregados de Educação João Carlos Soares e Tânia Lazakovich.A palestra contou com a presença dos alunos das turmas A, D e I do 11º ano e respectivos professores, que estão a desenvolver o Projecto “As 5 Portas da Leitura: promoção do livro e da leitura”, promovido pela Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos. A palestra dividiu-se em duas partes. Na primeira, o nosso convidado falou da evolução que a fotografia foi sofrendo ao longo dos tempos; mostrou algumas máquinas antigas e as películas usadas, para os alunos se poderem aperceber da evolução que a arte da fotografia sofreu ao longo dos anos; contou pequenas histórias que ocorreram com alguns fotógrafos ao exercerem a sua actividade e que pela diferença técnica de utilização das mesmas nos fizeram sorrir pelo caricato que hoje têm; deu-nos também alguns conselhos para a obtenção de boas fotografias como captação do real envolvente, pois, como ele referiu, todos podemos ser bons fotógrafos de retratos, mas não seremos diferentes de outros com uma máquina fotográfica, uma vez que aquilo que faz a diferença é o uso da nossa sensibilidade para a captação do momento associada a uma boa técnica. Na segunda parte da palestra, a nossa convidada falou-nos um pouco de arte e explicou-nos algumas fases da pintura de uma tela e utilização dos diferentes materiais, tendo pintado ao vivo um estudo com a paisagem que observávamos da janela da sala; referiu-nos que tudo o que observamos pode ser passado para a tela, mas, que ao pintarmos, o que passa para a tela é a nossa percepção da realidade, aquilo que queremos ver e não a própria realidade, pois cada um vê a realidade à sua maneira, interpretando-a consoante a sua sensibilidade, a sua perspectiva.Esta actividade foi muito interessante, pois, para além termos tido os pais envolvidos numa actividade direccionada para os seus educandos, permitiu-nos adquirir conhecimentos que, directamente, não fazem parte dos conteúdos programáticos, mas contribuem para a nossa formação e crescimento como indivíduos plenamente integrados numa sociedade em permanente evolução.