domingo, 15 de março de 2009

Sermão de um Filho a seus Pais


Capítulo I


“Tu és a atmosfera de uma Estrela...”

Caros Pais, é a vós que nós, filhas, nos dirigimos:


A união dos laços que ligam os Pais e os seus descendentes, isto é, os seus filhos, é, sem dúvida, a mais eterna das ligações que se podem estabelecer na raça humana. Uma vez que será uma constante, que jamais se poderá anular, esta ligação estará sempre na nossa informação genética, logo não a podemos ignorar, nem pela mínima vontade que se tenha.
Assim, os filhos podem ser comparados às inúmeras estrelas, uma vez que tal e qual como estes astros estão em constante brilho, ou seja, são sempre os meninos dos “olhos dos seus pais”, e aos poucos e poucos adquirem mais conhecimentos, mais experiências...Vão brilhando cada vez mais, vão-se expandindo. Já os pais, neste contexto, são, necessariamente, a atmosfera protectora e envolvente dos seus “astros”.
Por vezes, acontece que estes astros perdem o seu brilho... E porque será que esse brilho se vai perdendo?!? Na nossa opinião, estimados pais, este brilho só se poderá perder devido à respectiva atmosfera. Ou porque esta ofusca o seu brilho, impedindo a sua expansão, ou porque esta atmosfera não possui várias camadas, como a atmosfera terrestre, é como se fosse apenas a troposfera, deixando os astros desamparados, bastante expostos ao perigo.
Mas como boas pregadoras, lançamos a solução para este problema que passa por uma balança equilibrada de camadas de atmosfera (nem só a troposfera, nem tanto como a exosfera), proporcionadoras de um ambiente harmonioso entre os astros e respectiva atmosfera.
Seguidamente, mostrar-vos-emos os defeitos e louvores de todos vós e desceremos ao particular para exemplificar as várias situações.


Capítulo II


Pais, agora chegou o momento de vos mostrarmos o quão importante vós sois para a nossa vida.
Pais, é, já por si, uma palavra carregada de simbolismo e que representa a figura daqueles que nos criaram, que estiveram na origem da nossa existência.
A eles devemos a nossa presença neste mundo. Depois de nos terem criado enquanto seres físicos, vão aos poucos incutindo-nos todos os conhecimentos necessários, todas as experiências, todas as histórias que nos conduziram ao desenrolar das nossas próprias vidas. Mas, eles estão sempre presentes em todos os acontecimentos.
Sorriem connosco quando estamos alegres, têm colo para momentos de tristeza, dão-nos conforto em momentos de desilusão, dão-nos a mão quando estamos sós… E tanto mais, eles tão sempre lá. Fazem parte de nós. É deles que herdamos parecenças físicas e psicológicas.
Nós, os astros, somos como um pedaço de barro deformado nas mãos de um artesão: inicialmente, não passamos de algo tão comum e com tão pouco significado. Mas aos poucos a atmosfera, ou seja, os nossos pais vão-nos dando forma, moldam-nos aos seus gostos e segundo aquilo em que nos acreditam. E ao mesmo tempo que o barro vai ganhando forma, eles dão-nos liberdade para muitas vezes conseguirmos ganhar as formas que nós, ao sabor do desenrolar dos acontecimentos, temos a oportunidade de ir criando. E sempre com a atenção deles, porque se cometermos alguma imperfeição, estarão lá sempre para recuperar tudo de bonito que já tínhamos conseguido.
A figura do Pai ou Mãe é aquela que todos gostaríamos de ter para sempre, para estar sempre lá quando nós precisássemos… E que nunca desaparecesse.
Os pais são aqueles que sempre estão dispostos a dar a sua vida, a correr quaisquer perigos a fim de salvaguardar os seus pequenos rebentos.
Os pais representam o esforço e a luta que um dia teremos que ter, para, tal qual como eles, proporcionarmos aos nossos filhos um ambiente familiar tranquilo e cheio de boas oportunidades para a construção do futuro.
Temos desde a nossa existência, presente a figura do maior Pai de sempre: Jesus Cristo, que deu a sua vida por todos os seus filhos.
Já diz o povo e bem: “Quem sai aos seus não degenera…”.


Capítulo III


Agora, remetemo-nos para a particularidade de vos louvar, exemplificando alguns casos actuais que denotam um grande amor e protecção equilibrada das camadas de atmosfera e do brilho das estrelas.
Começamos por louvar os pais que praticam a adopção, porque não sendo as crianças filhas biológicas, eles acolhem-nas e dão-lhes a mesma quantidade de amor e transmitem-lhes os mesmos conhecimentos, como se de um filho descendente dos seus corpos se tratasse. Estes pais, os pais adoptivos, são um grande exemplo de uma atmosfera voluntariamente criada por astros que originariamente não lhes pertenciam, mas que permitem o mesmo tipo de brilho. Seguindo, assim, o exemplo de S. José que, apesar de não ser seu filho de sangue, assumiu Jesus como se fosse seu.
Mais especificamente, todos recordamos a história do General que adoptou ilegalmente Esmeralda e recentemente esteve preso pelo facto de o ter feito e ainda luta com os pais biológicos pela sua guarda. Veja-se este exemplo em que a atmosfera tudo faz para proteger e manter o brilho do seu astro, não deixando que nada, nem ninguém, o impeça de manter esta atmosfera no seu astro eternamente.
Será justo que tantas adversidades insistam em impedir as atmosferas de proteger os seus astros? Será possível que tantos pais mantenham uma luta constante contra todos os obstáculos para proporcionar uma vida harmoniosa aos seus filhos?


Capítulo IV


Agora, ouvi pais, onde constantemente errais…
Todos os sentimentos positivos que os pais nos transmitem têm de manter um saldo equilibrado na balança.
Este saldo não pode tender para o lado bastante protector da atmosfera, para o exagero de camadas da atmosfera envolvente dos astros. Porque essa sobreposição de camadas pode anular ou minimizar o brilho dos seus astros, impedindo que estes cresçam, que aprendam com os seus próprios erros, com as suas próprias experiências, fazendo com que os astros se sintam ofuscados, pressionados a brilhar de qualquer maneira. Estes pais não dão liberdade aos seus filhos de crescerem, nem permitem que eles criem um rumo ao seu gosto para o futuro.
Mas se o saldo da balança, contrariamente, tender para o lado de uma atmosfera bastante fina, também é prejudicial para os astros. Uma vez que essa escassa atmosfera é bastante reduzida e corre o risco constante de se anular, expondo os astros a todos os perigos. Deixando-os desamparados. Transmitindo-lhes, assim, um sentimento de desprotecção, de abandono e de infelicidade que não permitem que o astro brilhe naturalmente, uma vez que a existência da atmosfera equilibrada é que permite esse brilho, a felicidade constante dos astros. Qual é o ser humano que não precisa de um momento de conforto, de amor, de carinho, de protecção?!


Capítulo V


De entre os aspectos negativos que referenciámos aos pais, no geral, agora temos exemplos particulares bastante polémicos a nível nacional que mostram um evidente desequilíbrio na balança.
Um desses casos é o conhecido caso Joana. Caso em que a balança tendia para uma atmosfera demasiadamente fina, que ao mínimo conflito desapareceu, acabando num desenlace trágico. Leonor Cipriano, a atmosfera de Joana, era uma mãe ausente, violenta e que explorava a filha, jamais permitindo-lhe que brilhasse. Como a atmosfera se tornou tão fina, houve um trágico dia em que necessariamente se escasseou, expondo demasiadamente o seu astro que, frágil como era, acabou por perder o brilho para a eternidade. É justo acabar com o brilho de um astro, porque tivemos a indolência de melhorar a atmosfera?
Tal e qual como Leonor Cipriano, os pais Kate e Jerry McCain, apagaram por completo o brilho da pequena estrela Maddie. Isso porque mais uma vez não houve um equilíbrio nas camadas de atmosfera. Aparentemente uns pais excelentes, mas que pelo mínimo tempo que tivesse o dia, num dia fatídico esqueceram-se da função de atmosfera que deveriam ter para com a sua filha, deixando-a exposta a perigos de um país que não o dela, enquanto se divertiam, esquecendo-se da sua função de pais. Assim, sem atmosfera as probabilidades de sobrevivência de um astro são reduzidas. Estará correcto deixar os filhos à mercê de quaisquer perigos, enquanto os pais se divertem?
Tal e qual como estes dois casos, existem imensos espalhados pelo mundo. Principalmente, nos países subdesenvolvidos, em que os pais usam os seus filhos para próprio benefício e enriquecimento, permitindo que estes tenham uma vida desumana, não podendo assim brilhar.
Contrariamente a esta atmosfera demasiado fina, existem pais que criam em volta das suas estrelas uma atmosfera com demasiadas camadas, impedindo que estes brilhem plenamente.
É o exemplo de Pedro, um estudante universitário, que sempre fora protegido em excesso pelos seus pais. Até no momento da decisão do seu futuro, os seu pais tiveram mais influência do que ele, impedindo que frequentasse o curso de investigador, que ele tanto ambicionava, manipulando e quase que obrigando o filho a escolher medicina, como se esta fosse a melhor opção para o seu brilho. Depois de 3 meses a estudar medicina e regularmente, como sempre, a ser bastante controlado pelos seus pais, Pedro comete o suicídio e deixa uma carta a seus pais a dar conta dos seus erros. A excessiva atmosfera em volta da estrela de Pedro acaba, ironicamente, por o ofuscar, tanto desejando o contrário e impedindo o seu brilho para sempre.
Será justo levar uma estrela e integrar uma constelação que ela não queira, só porque a vaidosa atmosfera assim o deseja?
É necessário um equilíbrio harmonioso entre os dois lados da balança, para todos vivermos mais felizes e em harmonia.


Capítulo VI


É inegável que os nossos pais, a nossa atmosfera envolvente, são importantes no nosso crescimento, a qualquer nível. Sem eles não poderíamos crescer de uma forma saudável e harmoniosa, ou seja, eles estão constantemente presentes e ajudam-nos a tomar quaisquer decisões importantes que interfiram com nossa vida. São um ponto de referência, são uns verdadeiros amigos. Devido às suas vivências e experiências, claramente superiores às nossas, eles são os mais indicados a aconselhar-nos. Por vezes, não ligamos aos seus avisos, mas chegamos sempre à conclusão que eles estavam certos, devendo valorizar esse aspecto.
É muito importante que os laços criados entre as estrelas e a respectiva atmosfera sejam uma ligação forte e que simbolize a união e a importância que um tem para o outro.
Nesta relação de protecção e amparo, é necessário que haja um equilíbrio para o bem das relações humanas.
Todos precisamos de uma atmosfera que esteja sempre lá, mas que não seja demasiadamente fina, podendo a qualquer risco escassear, mas também não uma atmosfera com inúmeras camadas que obstrui o nosso crescimento, ofuscando o nosso brilho.
Para uma humanidade universalmente harmoniosa, é necessário o equilíbrio e a disposição para a relação de ambas as partes: pais e filhos. Ajudando-se mutuamente e aprendendo com as imperfeições.
Um pai e uma mãe são criadores de imensas estrelas brilhantes…



Ana Morais, n.3
Mariana Dias, n.11
Marta ribeiro, n.12
Telma Alves, n.21

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