domingo, 15 de março de 2009

"Um pequeno grande amor" de Fátima Lopes



“Um pequeno grande amor” de Fátima Lopes retrata como assunto principal duas crianças que têm em comum serem filhas de pais divorciados, vivendo as duas em ambientes não propícios para as suas idades, entre a divisão do amor e do carinho, disputas, ausências, discussões.
Achei esta obra muito actual e real, enquadrando-se inteiramente nos nossos dias, à “moda” dos casais actuais que é o divórcio e das experiências sentidas pelos filhos nessas situações, evidenciando os sentimentos gerados. Por vezes, os pais, ao separarem-se, encontram-se tão abalados por essa situação, ocupados com discussões frequentes, disputas de bens e dos próprios filhos como se fossem coisas, que não se lembram dos seus sentimentos nem de formas para amenizar a situação para com os filhos, para que estes não sofram tanto com a mudança de vida. Além de relatar o divórcio, também evidencia a ausência de uma mãe, trocando o tempo que deveria entregar à sua filha, o amor, o carinho, etc. por trabalho e coisas fúteis como saídas com amigas e passatempos.
Esta obra fez-me relembrar situações de pessoas que conheço e causou-me muita revolta, pelo facto de ser verdade e por haver pais que se concentram tanto nos seus jogos de ganhas e perdas, nas suas frustrações, problemas, trabalhos, divertimentos, … que não se lembram que têm filhos que precisam do apoio, amizade, amor, carinho, presença, educação, ajuda, mimos, palavras, sermões, cuidados, … da parte deles. Pois, acho que os verdadeiros pais, na essência original da palavra, são os que fazem tudo isso, sentem e demonstram um amor incondicional pelos seus filhos, porque está muito mais que comprovado que qualquer criança precisa de amor e o dos pais é essencial porque o amor, a presença e a educação são fundamentais para que a criança se torne uma boa cidadã. Em qualquer educação é necessário que se transmitam bons valores em paz, benevolência e amor. Se uma criança cresce num ambiente de revoltas, guerras e discussões é normal que tenha grandes dificuldades, no futuro, de uma inserção adequada na sociedade, nos estudos, nos caminhos considerados universalmente como correctos. Os mais velhos costumam pronunciar frases do tipo “esta juventude”, “no meu tempo não era nada assim”, “esta juventude agora está muito mal criada”, “já não têm respeito por ninguém”, mas é normal isto acontecer porque os jovens imitam aquilo que vêem essencialmente nos seus progenitores nos primeiros anos de vida.
Este livro é de fácil compreensão, leitura, muito objectivo e claro, é entusiasmante e desperta em nós o desejo de lermos sem parar até ao fim, tornando-se entusiasmante pelo seu carácter de realidade e actualidade, pondo-nos no papel das personagens muito facilmente e levando-nos a reflectir sobre nós mesmos e sobre pessoas que conhecemos, despertando em nós os mesmos sentimentos sentidos pelas personagens.
Se pudesse, recomendava este livro a todos os pais, principalmente aos mais ausentes e àqueles que estão a pensar divorciar-se, para que façam de tudo de forma a amenizar os conflitos, para que os filhos não sofram nem fiquem com rancores nem traumas.

João Seabra

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