domingo, 15 de março de 2009

Texto crítico sobre a obra Beijos de Chocolate, de Alice Vaara



A obra Beijos de chocolate, de Alice Vaara, foi para mim uma agradável surpresa a nível literário. Tão doce e efémero como o chocolate, esta história de aventuras e desventuras amorosas prende da primeira à última página, pecando talvez pela previsibilidade do final, um pouco “romanceado”.
Apreciei bastante a linguagem corrente, que permite fácil identificação com as personagens retratadas. Também verifiquei que existiu consistência na construção destas e, ao longo da obra, uma coerência que realmente contribui para o sucesso da mesma.
Não sendo uma obra-prima, a história conquista pela sua simplicidade e realismo, na medida em que as personagens e situações referidas são de carácter vulgar na vida rotineira de todos nós.
O mote da obra, os bombons Beijos de chocolate, apresenta-se como uma constante ao longo da mesma, quase como figurantes silenciosos, mas determinantes em todos os momentos da acção, desde as desilusões amorosas, às conversas brejeiras e às comemorações súbitas. A tudo isto se juntam ricas e variadas descrições de pratos culinários, que vão guiando o nosso paladar ao longo das páginas.
Há que destacar, talvez como aspecto mais marcante, a rápida sequência de acontecimentos e a sua apresentação mediante vários pontos de vista, em sucessões rápidas e oportunas, com carácter quase cinematográfico, o que confere um dinamismo único e muito interessante à história.
Também é importante mencionar as várias referências culturais, nomeadamente em relação à sociedade e aos costumes alemães, país onde decorre a maior parte da acção, e que aguçam o interesse, permitindo uma maior contextualização temporal e espacial.
No entanto, nem tudo foram pontos positivos; a rápida sucessão dos acontecimentos várias vezes nos dá a sensação de estarmos como que perdidos no meio da acção e, não acompanhando devidamente a evolução das personagens, a história não nos pode tocar de forma tão profunda como poderia suceder se o estilo narrativo fosse diferente.
Além disso, o uso de lugares comuns e o facto do final da história se começar a delinear ainda longe do fim da obra retira parte do mérito conseguido com os mordazes diálogos e súbitas reviravoltas nalguns (poucos) pontos da história.
Termino assim por dizer que o balanço é positivo; esta obra contém todos os ingredientes para uma leitura relaxada e divertida: romance, comédia, episódios quotidianos… e a cereja no topo do bolo, descrições deliciosas que, tal como beijos com sabor a chocolate, nos deixam a pedir por mais.

Cátia Soares

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