segunda-feira, 16 de março de 2009

"Tão cedo, Marta!" de Maria Teresa Maia Gonzalez


A obra “Tão cedo, Marta!”, da escritora Maria Teresa Maia Gonzalez, incide sobre a história, as dificuldades, os pensamentos, a nova forma de viver e o dia-a-dia de uma mãe adolescente que reside no lar “Nova Primavera”, onde encontrou o carinho e apoio que a família e o pai da criança não lhe souberam dar.
O título do livro despertou-me a atenção pelo facto de estar nele uma exclamação, que remete para uma admiração e, por isso, tive a curiosidade de saber o “porquê” dessa mesma admiração; outro motivo que me levou à leitura deste livro foi a preferência que eu tenho pela escritora que é das minhas favoritas, pois as obras dela reflectem sobre os adolescentes, as suas diferentes histórias e dificuldades sempre actuais e reais, demonstrando sempre que detém um enorme conhecimento do que escreve até ao mais ínfimo pormenor, que vai desde os contrastes de linguagem utilizados pelas personagens (adultos e jovens), aos ideais, pensamentos, sentimentos, emoções… Mostra, sem dúvida, que conhece os jovens como ninguém. As suas obras são dedicadas aos jovens e igualmente adaptadas para incentivo à leitura, tanto na linguagem (objectiva, clara, actual), como nos temas (sempre actuais e relacionados com os problemas sociais e juvenis), no tipo de letra (com um tamanho razoável, que não cansa os olhos da sua leitura), na estrutura do livro (curto, empolgante por que nos identificamos sempre com alguma coisa, com alguma passagem, com algum sentimento, etc., de boa leitura que nunca se torna maçadora, os parágrafos curtos, com algum discurso directo, etc.).
“Tão cedo, Marta!” não poderia deixar de corresponder às características das obras da sua autora. Sempre com uma linguagem correcta, apelativa, actual, objectiva, clara, com parágrafos e frases relativamente curtos, de fácil leitura; o tema é a “gravidez na adolescência”, o que, infelizmente, não deixa de ser actual. É empolgante a cada capítulo, sempre, cada vez mais, conduzindo-nos à curiosidade de “como irá acabar?”.
A leitura da obra fez-me reflectir muito na coragem da personagem (Marta). A coragem de assumir a sua gravidez e a sua criança, sozinha, sem o apoio de ninguém, arriscando-se a modificar totalmente a sua vida; nem todas as raparigas o fariam. A opção de, contra a vontade de tudo e de todos, principalmente da mãe, não abortar a criança, mas, sim, aceitar a sua situação; a força que ela tem de enfrentar as dificuldades que se atravessam, a vontade e orgulho de não querer depender de mais ninguém, de enfrentar a contra-vontade da sua mãe e sair de casa; a determinação de ter a criança, de a criar, de lhe dar todo o carinho e cuidados necessários. Ao longo de todo o livro apercebemo-nos de que Marta nunca se arrependeu da sua opção; do intenso amor que ela oferece, da inter-ajuda com outras mães no lar, dos intensos auxílios e protecção que ela dá ao filho e apercebemo-nos, também, que ao longo dos tempos ela se depara com o receio dos problemas económicos, pois vai ter de sair do lar quando atingir determinada idade e, mais tarde ou mais cedo, terá de sair dali e viver independentemente com o seu filho, por isso, instala-se a dúvida de pedir auxílio aos avós paternos do filho, já que estes possuem meios económicos abastados e ainda não sabem que têm um neto.
Nem só Marta (personagem principal) demonstra uma lição de vida, mas também as histórias das outras mães do lar se tornam surpreendentemente emocionantes e nos transmitem reflexões importantes de amadurecimento, de sonho e desejo por um futuro melhor e de autênticas histórias de coragem.
Este livro é apenas um exemplo de tantas histórias que conhecemos ou que vemos/ouvimos todos os dias falar. Infelizmente, embora com mais informação e novos métodos de contracepção, a gravidez inesperada, não - planeada na adolescência em que “uma criança dá à luz outra criança”, continua a ser bastante frequente e, muitas das vezes, quando estas jovens necessitam mais do apoio da família, dos amigos, da sociedade em geral, é quando se deparam com o “virar das costas” com preconceitos, falsidades e hipocrisias, discriminações. Embora a sociedade evolua, continua estagnada a estas circunstâncias, muitas vezes, gozando, criticando, julgando e nem se lembram que é algo que pode acontecer a qualquer um e é normal.
Aconselho a obra a todas as pessoas de todas as idades, porque embora se remeta para a classe juvenil, este livro torna-se agradável de ler também por adultos. Classifico-o como um livro “para todas as idades”, pois emociona-nos do princípio ao fim!



Cristina Lopes

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