domingo, 15 de março de 2009

Sermão a um grupo de amigos


I

Um amigo é um tesouro.

Meus amigos, vós sois um tesouro. Algo único, insubstituível, inestimável. Tal como um tesouro, sois difícil de encontrar, árduo de manter e maravilhoso de possuir.
Se um tesouro é riqueza e a riqueza é um pressuposto para a felicidade, também a amizade é uma condição essencial para construirmos o nosso caminho, rumo àquilo que a vida nos reserva.
Esta amizade, um conceito quase impossível de definir, é um sentimento de alegria, de satisfação plena, algo que todos desejamos, mas poucos conseguem atingir. Algo guardado no cantinho mais recôndito de nós, mas com uma importância inimaginável nas nossas vidas.
Por isso, meus amigos, atestado que está o carácter valiosíssimo e indispensável do grande tesouro da amizade, falo-vos directamente, louvando as vossas qualidades e pondo a descoberto as vossas pequenas falhas para que possais, e eu também, ser amigos (e pessoas) melhores.




II


Jesus Cristo afirmou que todos nós éramos irmãos. Significará isso que todos nós devemos agir como irmãos, na verdadeira essência da amizade, da solidariedade e da cumplicidade? Talvez. Mas, na prática, não é assim. Todos temos um leque muito vasto de conhecidos, mas são poucos aqueles que consideramos amigos. E porquê? Não há uma fórmula para descobrirmos se a amizade realmente existe; só o tempo, a perseverança e o esforço de ambas as partes nos mostrará se o sentimento é verdadeiro.
Mas e se, reflexão feita, descobrirdes que a vossa relação não é tudo o que julgáveis ser? Será sustentável continuar a lutar por essa suposta amizade? Uma coisa é certa: não há maus amigos. Ou é amigo ou não é. E não adianta, caros companheiros, que vos iludais acerca disso.
Comecemos assim por enumerar os aspectos menos bons no que vos diz respeito. Porque é que, neste mundo agitado e efémero em que vivemos, nada dura para sempre? Porque é que, tendo nós tantas vezes jurado que seria eterno, nos deixámos afastar pela distância e vicissitudes da vida, para não passarmos agora de meros desconhecidos?
O tempo, meus amigos, ou a falta dele, tudo cura e tudo leva. Até os maiores tesouros.

III

Passo agora a louvar as vossas qualidades, que certamente não deixareis de possuir, ou não serieis, garanto-vos, verdadeiros amigos; o companheirismo, a cumplicidade, aquele estar sempre lá, muitas vezes ignorado, mas provavelmente o diamante mais resistente do grande tesouro da amizade.
O respeito, que precede qualquer relação e que nos permite conhecermo-nos mutuamente, deixando que o brilho da tão preciosa amizade inunde a nossa vida.
Outra característica que reconheço em vós, amigos, é a perseverança. A capacidade, tão admirável, de insistir na nossa relação, mesmo quando tudo se parece desmoronar. E isso, não há tesouro algum que pague.
Obrigada por me ouvirdes e por partilhardes comigo as vossas vidas. Por isso vos aprecio e vos louvo. Se vós sois a família que tive a oportunidade de escolher, a fortuna esteve do meu lado. E não podia ter sido agraciado com tesouro maior.



IV

Para concluir, vos advirto, meus amigos: enquanto o cobre e o ferro se corroem e desaparecem com o tempo, o ouro e os diamantes que com eles se formaram perduram pelos anos, pelos séculos; enfim, pela eternidade.
Também vós, amigos, sois como estes metais preciosos. Nunca vos deixeis degradar.
Porque uma vez conquistados, meus tesouros, nunca mais vos podemos deixar ir. Um tesouro material, constituído por pequenos grãos que se vão agregando ao longo do tempo, escondido longe de tudo e todos e, dirão os mais imaginativos, trancado num cofre carcomido, enterrado algures numa ilha deserta e marcado com um X num mapa amarelecido, não é mais precioso do que vós. Não há mapas para vos encontrar, meus amigos. Nem contas a prazo para vos manter. Só temos de ser os melhores amigos que conseguirmos, e esperar que isso seja o suficiente.
“Um amigo é um cofre escondido, porque se conseguirmos encontrar a chave que o abre, descobriremos onde reside o nosso verdadeiro tesouro.”


Cátia Soares n.º4
Dzmitry Lazakovich n.º6
João Garcia n.º9



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